terça-feira, 24 de abril de 2012

Doçaria Conventual- Palestra















Doçaria conventual

No passado dia 20 de abril, a convite da Biblioteca Escolar, a Dr.ª Dina Fernanda Ferreira de Sousa esteve presente na Escola EB2/3 Pintor Mário Augusto, para partilhar, com os alunos da turma do 8º A e do Curso de Formação e Educação- Serviço de Mesa, os seus estudos, transformados em conhecimento, e levar-nos à Coimbra das doçuras, para saborearmos, através dos seus trabalhos e da sua investigação, a tão afamada e prestigiada doçaria conventual, constituindo mais uma faceta do nosso património imaterial.
Percorrendo as fontes documentais dos séculos XVIII e XIX, a investigadora levou a plateia a entrar nos conventos femininos da cidade, Santa Clara, Santa Ana, Santa Maria de Celas e Sandelgas que, outrora, pertenceu ao concelho de Coimbra e a acompanhar o dia-a-dia destas casas monásticas, onde se recolheram, para servir a Deus, se bem que nunca se esquecessem ou desligassem completamente das coisas mundanas, jovens mulheres pertencentes à nobreza ou à burguesia que, levando consigo os seus dotes e o requinte gastronómico da mesa do seu estrato social, irão dar continuidade na sua nova moradia, através da aplicação de um receituário, que guardarão no mais sagrado sigilo…
Ao entrarmos nestes “templos da doçaria”, assim chamados pela investigadora, fomos tentados pelo pecado da gula e pelo desejo de saborearmos uma doçaria fina, rica de açúcar, ovos, mel, queijo e de amêndoa: uma lampreia de ovos, um pastel de Santa Clara, um rebuçado de ovo … que ostentavam a mesa em ocasiões festivas especiais, quer do calendário litúrgico, quer do mundano. Iguarias que, devidamente engalanadas com papel de seda, “ papel bordado”, mimavam hóspedes e benfeitores, incluindo o próprio rei e até o Papa. Para além de servirem de complemento nutritivo para alimentar alguma enferma ou alguém com saúde mais frágil. Mas não menosprezámos a doçaria mais simples, menos dispendiosa: os biscoitos de canela, as arrufadas… confecionada para ocasiões menos formais, para o quotidiano e para presentear os estratos sociais mais baixos.
Foi para este mundo de saberes, sabores e emoções, desde os tempos áureos, de fausto e de algum excesso até à fase derradeira, de dificuldades, penúria e pobreza extrema que nos transportou a palestra, apoiada na obra, sobre a qual incidiu o trabalho de investigação da autora, Doçaria Conventual de Coimbra.
Com um discurso no ponto, a Dr.ª Dina de Sousa soube adoçar a plateia, cativar os jovens para o estudo e importância da História e transformar a manhã que passou com os alunos, numa verdadeira degustação de palavras e de afetos.